Por Alessandro Atanes
A biblioteca da Humanitária
Por volta de 1867 o capitão Burton exerceu no Brasil o cargo de cônsul britânico; em julho de 1942, Pedro Henríquez Ureña descobriu em uma biblioteca de Santos um manuscrito de Burton que versava sobre o espelho que o oriente atribui a Iskandar Zu al-Karnayn, ou Alexandre Bicorne de Macedônia. Em sua superfície se refletia todo o universo.
Jorge Luis Borges, O Aleph
Em seu famoso, o próprio Borges transformado em personagem encontra no sótão da casa de um colega de infortúnio um Aleph, objeto mágico da cultura judaica, um ponto por meio do qual pode-se ver todos os demais pontos do universo. No manuscrito (teria existido ou será mais um sonho de Borges), o cônsul britânico teria ainda listado uma série de outros objetos que com as mesmas propriedades.
Mas a qual biblioteca de Santos refere-se o conto? Com suas estantes antigas de madeira escura e coleções do século XIX, a biblioteca da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio, localizada em um dos edifícios mais significativos da cidade, é o primeiro lugar que pensamos.
Burton foi realmente cônsul em Santos e Pedro Henríquez Ureña, intelectual da América Central que viveu na Argentina, provavelmente deve ter passado por aqui em uma de suas viagens. E a biblioteca, por qual razão ela não tem nome? Penso em apenas uma: para Borges, as bibliotecas são como um Aleph. Em cada biblioteca, o mundo todo.
Leitura complementar: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/maaravi/article/view...;
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