Duas garrafas brancas jogadas ao ar desenhavam no espaço círculos que se entrelaçavam na imaginação. O menino todo de preto cuidava com desvelo os movimentos malabaristas como se estivesse em frente a uma plateia, embora ali não houvesse ninguém. O grande público passava dentro dos carros, automóveis chiques, sem olhar para o lado. A hora urge, o dia se esvaece e o compromisso é pontual. O cenário perfeito, um teatro de renome ao céu aberto, com a luz refletida do suntuoso prédio do MASP iluminando o palco, excelente acústica e o público distante bem ao alcance. O show de todo o artista tem que continuar. E os pombos revoam em um aplauso eloquente. O malabarista agradece, coloca as mãos no peito e inclina o corpo para frente, explode de alegria levantando os braços, apaixonado pela arte. O grande público, apressado, continua passando. A Paulista está lotada, a casa está cheia.
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