Sra. Rosely,
Parabéns pela iniciativa de levantar as questões de sua última publicação.
Gostaria, entretando, de contra-argumentar sobre alguns pontos.
Certamente, os temas bullying, individualismo e falta de respeito ao próximo precisam ser discutidos à exaustão, até que sejam expurgados da sociedade.
Entretanto, acho que algumas frases suas soam apenas como alguém que está "estranhando" o mundo, que já não concorda com certas coisas e sente falta de um passado onde as pessoas eram mais "civilizadas". Faltaram argumentos que procurassem entender a causa e, possivelmente, apontar um fim. Por isso, me pergunto: Estariam as pessoas TÃO diferentes de outrora, a ponto de expressarem tudo o que pensam do próximo, para o próximo? Infelizmente, observo o contrário. Convivo com pessoas ouvindo e concordando com seus pontos de vista, ansiosas por encontrar um terceiro para externar o quão suas idéias são equivocadas e você é um chato.
Será que há 200 anos não havia brigas em ambientes públicos, um xingamento por alguém pisar na horta do outro, ou não ter cuidado onde o cavalo fazia suas necessidades? Talvez, sim, estas atitudes estejam atualmente evidenciadas por um dia-a-dia estressante que temos.
Ainda pergunto: Havia sempre respeito entre os senhores de engenho e seus serviçais? Os negros e mulheres podiam falar o que pensavam, ou até se negarem a fazer algo? Os gays podiam ser defendidos pela lei? Será que os professores conversavam abertamente com os alunos? Creio que o uso permitido da palmatória em sala de aula, possa nos responder esta questão. Talvez sejam justamente as pessoas que passaram por situações humilhantes em sala de aula que estão transmitindo algum conhecimento desta "época dourada" para seus filhos.
Falando em bullying, cara senhora, venho a informa-la que é uma prática bem antiga, da qual tenho bastante conhecimento, marcado no corpo e na alma, do tempo de minha infância. Me refiro às décadas de 70 e 80. Eram, então, épocas melhores? As pessoas eram mais tolerantes? Ou será que ainda convivemos com a intolerância diária, mas nos sentimos mais confortáveis em ir a público e falar sobre ela?
Este é o tempo que vivemos. Temos que vê-lo e aceitar o que ele nos traz de bom e tentar, cada vez mais, lutar para expelir o que nos corrompe.
Aí sim, estaremos na navegando na mesma direção, em busca de uma solução. Olhar poética e cegamente para a história das relações humanas não é a forma mais eficaz de mudá-la.
Podem ser tempos de barbárie, os que presenciamos, mas sinto brisas de evolução na face.
Talvez, pensando de forma positiva, teremos épocas mais "civilizadas". Bem-vindas sejam. Gostaria que fossem já amanhã, logo após o raiar do sol.Mas acho que ainda temos muito chão pela frente, pois, como canta o Lulu Santos, "Assim caminha a humanidade: com passos de formiga e sem vontade..."
David Andrade 08/04/11
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