Carta de ódio
Olá. E Adeus.
Adeus amor eterno, paixão de minha vida. Ou seja lá o que você foi.
Adeus noites de tédio e madrugadas mal dormidas, quando eu era
deixado pra depois.
Anuncio o fim de nossa história aqui mesmo, nesta carta que – vale
a pena lembrar, não é de amor.
Declaro o reinício de minha vida. Declaro, de coração aberto, a morte
do amor que um dia senti.
Odeio.
Odeio fatos.
O fato de ter me calado, quando deveria me impor, de ter perguntado
ao invés de supor.
Odeio também suas palavras, tão pesadas e medidas. E sua língua, sempre tão afiada, disposta a machucar e me tirar o chão.
Odeio todos os lugares em que jantamos. Odeio seus olhares, sempre se esquivando.
Odeio.
Odeio a mim mesmo. Por ter compartilhado e permitido, por ter ficado e não partido.
Pensando melhor: Adeus não é a palavra correta, ora diabos!
Vá pro inferno.
Câmbio. Desligo.
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não, não era a Sandra. Com certeza.
continuo sem saber quem é-e seja lá quem tenha sido, acho que
não está sabendo da resposta do João. Talvez, na proxima
reunião da Oficina, voce possa pesquisar, discretamente quem é.
Eu me sinto um pouco constrangido em procurar.
Pois é, me lembro que você ficou de responder uma carta de rompimento. Será que não era da Sandra?
De qualquer forma, gostei muito desta. O João foi muito esperto usando a carta de rompimento como um motivo para não romper.
São Paulo, 25 de maio de 2011
Suzana, minha querida amantíssima,
Finalmente você deu um sinal de vida e esperança para mim. Oito meses passaram, um verdadeiro longo outono, e eu me recolhi temeroso, da sua reação por causa daquele infeliz incidente, que envolveu sua melhor amiga. Não digo ser isento de alguma responsabilidade, mas você não quis me ouvir. Por mais que tivesse insistido.
Fechou a porta na minha cara, mudou de cidade e de telefone. Subitamente fiquei desarvorado, sem nenhum meio de poder encontra-la.
Busquei pela cidade e redondezas, perdido, tal como naquela música que tanto nos elevava.
Agora posso tentar retomar o que é o meu grande amor e paixão. Você. Com esperança que acredito fundada, pois a raiva que usa para me afastar, eu tomo como um possível convite para procura-la.
O oposto do amor não é raiva. É a indiferença. E você mostra ser sensível à minha existência. Com a sua raiva, focada em mim, canalizada por um episódio espúrio e mal explicado.
Aceito a sua raiva. Posso tentar apaziguá-la, embalando-a em meus braços. Como fazia quando eu chegava tarde do trabalho e você me injustiçava com acusações.
Nestas noites, mal dormidas, nossos corpos nos perdoavam. A distância que você pôs entre nós é implacável! A sua raiva vai se transformando em amargura e depois em gélida indiferença. O pior dos meus temores.
Vamos, vamos nos encontrar e dê-me a oportunidade de encher meus olhos e coração com a sua beleza, candura e talvez um fiapo salvador de amor
Seu sempre
João Roberto
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