Projeto Escrevivendo

Samia Schiller
  • Feminino
  • São Paulo, SP
  • Brasil

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Presentes recebidos (1)

 

Página de Samia Schiller

Blog de Samia Schiller

Microconto Fantástico

 



      Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá.


Augusto Monterroso



(Os cem menores contos brasileiros do século – Organização:
Marcelino Freire – editora: Ateliê Editorial)

Postado em 5 junho 2011 às 8:03

FINAL PARA UM CONTO FANTÁSTICO

FINAL PARA UM CONTO FANTÁSTICO
I. A. Ireland
- Que estranho! - disse a garota, avançando com
cautela. - que porta mais pesada, meu Deus! - E, ao falar, tocou-a e a porta
acabou fechando-se de um golpe.

- Deus do céu! - disse o homem. - Não é que não tem
maçaneta do lado de dentro? Agora estamos os dois trancados!

- Os dois, não - disse a garota. - só
você.

E passou através da porta e
desapareceu.

(Os melhores contos Fantásticos - organizador: Flávio Moreira da Costa - editora Nova Fronteira) 

Postado em 5 junho 2011 às 7:58

Carta de Clarice Lispector para Andréa Azulay

A Andrea Azulay

 

Rio, 7 de julho de 1974

 

Andréa de Azulay que é minha filha espiritual:

 

Você sabe muita coisa, minha colega. Mas de qualquer jeito vou lhe dar umas dicas para a vida e outras para escrever.

       Sugestões de vida:

       - Você sabe se espreguiçar? É tão bom. Quando você se sentir cansadinha (você nunca se sente cansada porque é uma borboleta alegre) ou quando quiser sentir uma coisa boa para o seu corpinho, então espreguice-se. É assim: espiche os braços e as pernas ao último máximo, tanto quanto puder. Fique assim um momento. Em seguida largue-se de repente, relaxe o corpo como se este fosse um trapo. Você vai ver como é gostoso. A gente ganha um corpo novo.

       - Você gosta de comer coisa boa? Então experimente fios de ovos com creme de leite Nestlé. A gente não tem vontade de acabar nunca.

      - Pergunte ao seu pai e a sua mãe se eles deixam o seguinte: esquente uma colher de sobremesa de vinho tinto, esquente uma xícara de café com açúcar, misture tudo e beba devagarzinho. Dá um gosto bom no coração.

      - Experimente mocotó. Demora a cozinhar e leva tempero. Mande fazer um pirão com o caldo. É forte, é potente, dá força humana. É capaz de você odiar!!!

      Sugestões para escrever:

      - Você não precisa de nada, já sabe quase tudo. Mas vou lhe dar umas idéias:

      - Não descuide da pontuação. Pontuação é a respiração da frase. Uma vírgula pode cortar o fôlego. É melhor não abusar de vírgulas. O ponto de interrogação e o de exclamação use-os quando precisar: são válidos. Cuidado com reticências: só as empregue em caso raro. Como depois de um suspiro. Quanto ao ponto e vírgula, ele é um osso atravessado na garganta da frase. Uma minha amiga, com quem falei a respeito da pontuação, acrescentou que o ponto e vírgula é o soluço da frase. O travessão é muito bom para a gente se apoiar nele. Agora esqueça tudo que eu…

Continuar

Postado em 21 abril 2011 às 9:09 — 2 Comentários

Carta Inventada por Caio Fernando Abreu

SEÇÃO DE CARTAS DO LEITOR DO NÚMERO 0 DA "VEJA"

 

        Meu Deus, onde vamos parar com toda esta imoralidade nos palcos brasileiros? Domingo passado fui levar minha netinha para assistir a uma peça infantil e eis que encontro uma fadinha lésbica às voltas com um porquinho pederasta e uma vaquinha onanista. Tudo isso vai frontalmente contra os tradicionais princípios de moral que regem as sagradas instituições do lar brasileiro. Em nome da inocência de minha netinha e de todas as avós deste meu querido Brasil, clamo indignada contra isso.

 

(trecho do livro "Para sempre teu, Caio F. escrito por  Paula Dip)

Postado em 3 abril 2011 às 11:55

Carta do livro Nunca te vi, sempre te amei

11 de maio de 1952

Prezado Frank:

Pretendia escrever-lhe no dia em que o Pescador chegou, só para agradecer-lhe, as xilogravuras por si valem dez vezes o preço do livro. Que mundo esquisito o nosso: a gente pode ser dona a vida inteira de uma coisa tão bonita - pelo preço de uma entrada num cinemão da Broadway, ou 1/50 do custo de uma obturação dentária.

Ora, se os seus livros custassem o que valem, eu não poderia comprá-los!

Você há de ficar fascinado ao saber que eu (que detesto romances) finalmente me encontrei com Jane Austen e perdi a caeça por causa de Orgulho e Preconceito, o qual não conseguirei levar de volta à biblioteca, enquanto você não me arranjar um volume só meu.

Lembranças a Nora e aos escravos do salário.

HH

 

Esse livro mostra uma troca de cartas entre um comerciante de livros usados e uma leitora destes.

Postado em 3 abril 2011 às 11:45 — 2 Comentários

Carta Desesperada - Mário Quintana

                       

                          CARTA DESESPERADA (Quintana)

 

             Como é difícil, como é difícil, Beatriz, escrever uma carta...
             Antes escrever os Lusíadas! Com uma carta pode acontecer
             Que qualquer mentira venha a ser verdade...
             Olha! O melhor é te descrever, simplesmente,
             A paisagem,
             Descrever sem nenhuma imagem, nenhuma...
             Cada coisa é ela própria a sua maravilhosa imagem! Agora mesmo parou de chover.
             Não passa ninguém. Apenas
             Um gato
             Atravessa a rua
             Como nos tempos quase imemoriais
             Do cinema silencioso...
             Sabes, Beatriz? Eu vou morrer!

Postado em 25 março 2011 às 17:39 — 3 Comentários

Contribuição da escrevivente Samia.

Livros e Cartas

 

 

Procurei lembrar alguns livros que fazem menção a cartas ou são escritos desta forma.

Aqui vão alguns:

A Sociedade Literária e a torta de casca de Batata - Mary Ann Shaffer. Relata, através de cartas a amizade de uma escritora com moradores de uma ilha inglesa que formaram a tal sociedade literária durante a ocupação alemã. Tem uma maneira muito delicada e até humorada de falar de tragédias.

Cartas à Theo - Vincent Van Gogh. Cartas em que o pintor fala do seu ofício, das suas dúvidas e angústias com seu irmão.

Querido Poeta - Vinícius de Moraes. Um livro que reúne cartas trocadas entre Vinícius e seus parentes e amigos. Encantador como ele.

As Relações Perigosas - Laclos. Um livro epistolar, muito bem escrito e com uma história que prende até o final. Alguns personagens tentam corromper a virtude e o amor e um dele é "corrompido" pelo sentimento e tem sua trajetória desviada.

Jane Austen faz uso de cartas em alguns de seus livros, embora eles não sejam romances epistolares. Lembro de um em que uma carta ou bilhete foi decisivo no final, chama-se Persuasão. Existem outros livros em que as cartas tem um papel importante para se entender o personagem e seus sentimentos, estou me lembrando agora de O Amor nos Tempos do Cólera do Gabriel Garcia Marquez.

 

 

Postado em 22 março 2011 às 7:30 — 2 Comentários

Carta de amor que a gente sente, mas esquece que sente

São Paulo, 21 de março de 2011


     Oi,


     É um pouco absurdo, depois de tudo que vivemos, escrever uma carta de amor. Cartas de amor são para seduzir ou para o começo de uma história, são nesses momentos que temos a necessidade de explicar tudo que sentimos e só viver e só falar de amor. Já passamos por isso e foi muito bom. Às vezes, acho que essa beleza do início nos sustenta até hoje.
 
    Quando estamos tão magoados que a solução mais fácil parece ser o rompimento, nos lembramos do passado e fica impossível acreditar que um amor tão grande possa acabar; por isso, insistimos mais um pouco, sabendo que dias melhores virão.
 
    Mas, voltando ao absurdo: escrever uma carta de amor para quem dorme e acorda com a gente todo dia já há muitos anos é mesmo constrangedor, mas talvez seja a ponte de que precisamos.
 
    O papel não está preenchido com as contas para pagar, os filhos para criar e a falta de tempo.O papel em branco aceita que brinquemos de faz de conta. Faz de conta que não somos cínicos, faz de conta que não culpamos o outro pelos próprios fracassos e faz de conta que não estamos gastos e…
Continuar

Postado em 21 março 2011 às 7:30

    "Porque a doença de ler, uma vez tomando conta do organismo, enfraquece-o a ponto de torná-lo fácil presa desse outro flagelo que habita no tinteiro e supura na pena. O desgraçado dedica-se a esc…

 

 

"Porque a doença de ler, uma vez tomando conta do organismo, enfraquece-o a ponto de torná-lo fácil presa desse outro flagelo que habita no tinteiro e supura na pena. O desgraçado dedica-se a escrever."

 

Orlando - Virginia Woolf

Postado em 11 fevereiro 2011 às 17:15

V, de Viagem - Leminski

                                   

                                    Viajar me deixa

                              a alma rasa,

                                    perto de tudo,

                              longe de casa.

 

                                   Em casa, estava a vida,

                             aquela que, na viagem,

                                   viajava, bela

                             e adormecida.

 

                                  A vida viajava

                           mas não viajava eu,

                                 que toda viagem

                           é feita só de partida.

Postado em 10 fevereiro 2011 às 11:42

Caixa de Recados (11 comentários)

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Às 13:05 em 28 outubro 2011, Leticia Dantas disse...

Que bom que gostou Samia, essa poesia tem uma pequena história,

em breve contarei a você (:

Obrigada. Até mais. Beijos!!

Às 22:54 em 31 agosto 2011, Maria Inês Zocchio disse...

Oi Samia,

Obrigada por me convidar para sua rede.

Vou começar a ser assídua frequentadora daqui e obrigada por seu comentário do meu texto.

Beijos

 

Às 19:17 em 26 março 2011, bruna nehring disse...
Samia, imagine...trocamos e-mails, comentários em blog, e comunhão muito aderente" durante as aulas. Entretanto nunca havia notado esse meio. Preciso dizer que sou sua amiga? Para a crônica, sou mais do que isso.
Às 11:13 em 23 março 2011, Gabriela Rodella disse...

Olá, Samia.

Sofrendo por uma carta de amor???

Veremos do que se trata no sábado...

Até lá,

Gabriela

Às 0:58 em 23 março 2011, José Eduardo do Amaral Vieira disse...

Samia,

Obrigado no incluir-me. Nos encontramos sábado.

José Eduardo

Às 18:16 em 12 março 2011, Laura De Guglielmo disse...

 

Samia, bom saber que gostou .

obrigada

abraço

Laura

Às 0:18 em 3 março 2011, Francine Mantovani disse...
Obrigada Samia seus comentários são sempre muito incentivadores e motivadores. Um gde beijo.
Às 11:23 em 23 fevereiro 2011, Fabiana Correa disse...

oi samia, eu também me simpatizei muito com você. agora a gente mantém o contato... =)

vou lá na casa das rosas hoje fazer minha matrícula, obrigada pelo aviso!!!

beijos...

Às 1:52 em 11 fevereiro 2011, Benedito de Oliveira Santos Jr disse...
 preciso me deixar mais raso para que algo mais me aprofunde além de minha mesquinhez. Lindo poema. Espero que nossas "viagens" literárias ajude nisso. 
Em 1:37am on fevereiro 10, 2011, Karen Kipnis deu para Samia Schiller um presente...
Presente
Bem-vinda, Samia: aceite este presente simples, mas de coração! KK

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"Obrigada, Karen. É muito bom saber que você gostou Acho que você não tem idéia do quanto suas propostas e sua oficina são inspiradoras para mim. Beijos "
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"Que bom que gostou Samia, essa poesia tem uma pequena história, em breve contarei a você (: Obrigada. Até mais. Beijos!!"
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"Gostei de todo o poema e da paixão pela vida que tem no Sonho de Cigarra. Gostei demais do verso abaixo, ele me fez parar a leitura e reiniciá-la várias vezes.: "Se cantar faz tirar a vida Quero um tiro desse…"
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23 Out, 2011

Leminski

                                                  V, de Viagem

 

                                                 Viajar me deixa

                                            a alma rasa,

                                                  perto de tudo,

                                            longe de casa.

 

                                                Em casa, estava a vida,

                                           aquela que, na viagem,

                                                viajava, bela

                                           e adormecida.

 

                                               A vida viajava

                                          mas não viajava eu,

                                              que toda viagem

                                          é feita só de partida.

 

(Leminski, Distráidos Venceremos, editora brasiliense)

 

 
 
 

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