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Mais um...por Grazi Brum: "Aquela tal de química"

Aquela tal da química

                                                                                                                                 Grazi Brum

 

 

O homem identifica uma mulher do outro lado da rua e sente aquele frio perto do umbigo.  Não sabe explicar. É um sorriso displicente, uma mecha de cabelo ao vento, uma elegante cruzada de pernas.  Ele nem sabe quem ela é, mas a deseja.

 

O motivo exato não importa, a química aconteceu. E isso é coisa rara. Não ocorre a toda hora e nem com qualquer uma, mesmo que ele faça muito esforço, fantasia e trololó.

 

Sem química não se vai até a esquina, por isso não adianta desperdiçar os foguetes

 

A reação explosiva é sua e dele.  E quando acontece pode acreditar é por merecimento. Aproveite! O universo encontrou você. 

em direção a lua, tentando alcançar as estrelas. Se não há química, nada sai da base.

 

Pode ser que no desenrolar da história a famigerada química não aconteça, mas homem que se preza, atravessa a rua e faz contato. Confere.

 

Já para a mulher, a química surge de forma mais complexa. Até pode ser que um homem nos desvie a atenção.

 

Uma tentação que nos remova o olhar do trânsito caótico da Avenida Paulista e nos leve a mirar o terno cinza risca de giz poderoso parado na calçada. Mas isso não é suficiente para nos fazer passar para a próxima fase. É apenas uma bela miragem. Apenas.

 

Química para a mulher é multifatorial. Não é somente uma questão do contato da pele. Nem apenas um estímulo visual, um restaurante badalado, uma frase feita, um lugar comum.

 

Química é a coincidência de gostar da mesma cena do filme. É admirar um mesmo autor. É curtir um pôr-do-sol. É entender o que está rolando num olhar.

 

É uma sequência de fatores que acontecem sem nenhum dos dois planejar. Embora seja necessário para rolar que ambos estejam disponíveis.

 

Pode acontecer numa frase ou no silêncio. É o perfume. Pode ser o jeito que ele mexe no cabelo dela.

O apelido que surge sem querer. A brincadeira que acontece do nada. O sabor de um prato, num restaurante inédito. A música desconhecida.

 

É saber a hora de tocar na mão. O momento de avançar para o beijo. De falar a safadeza. De mandar o buquê de rosas. Ou não mandar. Buquê de rosas é o clássico dos canalhas.

 

Quando a química rola de verdade, o homem se torna criativo.  O presente é singular. Um livro, uma caneta, um odontoscópio. Ele percebe a mulher. E isso encanta.

 

Química é criatividade. É encaixe intelectual e emocional. É time. É desenvoltura na conversa. E assunto que não acaba mais.

 

Já são cinco da manhã, nem percebi.

 

Química é quando o tempo passa a jato.  É escutar a narrativa de como foi o dia do outro e nunca achar enfadonha. É interesse!

 

E, sobretudo, para a mulher, química não tem nada a ver com a beleza do macho. O homem pode não ter os mesmos atributos físicos do Brad Pitt, mas se consegue fazê-la sorrir com uma simples mensagem de texto, já era. É romance na certa.

 

E nada de ficar pensando no que os outros irão falar. Quem sabe da sua felicidade e dos seus orgasmos é você. Ninguém tem nada com isso.

 

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