Encontro # 2 do módulo de Cartas
Por Laion Castro
Novamente havia sobre a mesa de cada um dos alunos um envelope com um material. Desta vez, começamos nosso segundo encontro aquecendo nossas ideias com o poema "Profilogramallarmé", de Augusto de Campos, que trazia uma provocação do poeta francês Stéphane Mallarmé, para quem "os contemporâneos não sabem ler".
Diante do questionamento de como devemos ler o contemporâneo (ou ler na contemporaneidade), fizemos a leitura do texto de Giorgio Agamben, que propõe, a partir de uma citação de Nietzsche, um certo deslocamento, isto é, uma certa distância de nossa parte em relação ao tempo em que vivemos para que possamos percebê-lo um pouco mais claramente.
O texto do Agamben foi considerado muito difícil, mas ponderei que há vários textos que demandam diversas leituras, a fim de que possamos digeri-los pouco a pouco. Tempo de leitura e tempo de reflexão, nesse caso, têm tudo a ver com o que vimos tratando, isto é, a aceleração do tempo do mundo e os prejuízos que isso pode acarretar.
A discussão empolgou a turma e suscitou uma conversa muito interessante a respeito de diversos assuntos, em especial da arte contemporânea, marcada por referências e reflexões trazidas pelos próprios alunos.
Aproveitando a ocasião, lemos uma carta de Clarice Lispector a Getúlio Vargas, na qual a escritora, nascida na Rússia, se apresentava ao então presidente do Brasil para lhe pedir que a ajudasse com seu processo de naturalização.
Voltamos do intervalo com a carta de Virginia Woolf (aquela da primeira aula) e, numa releitura detida desse documento, destrinchamos o modo como ela apresenta argumentos referentes às cartas para, em seguida, refutá-los, defendendo seu pensamento sobre essa prática.
De Virginia Woolf, fomos para Franz Xaver Kappus e sua "Introdução" às Cartas a um jovem poeta, de Rainer Maria Rilke. A partir da leitura desse texto, discutimos (acompanhados de uma apresentação breve que montei para essa parte da aula) alguns pontos importantes concernentes ao gênero epistolar: a motivação que nos faz escrever uma carta a alguém; a finalidade que se evidencia com essa iniciativa, a expectativa de resposta que se cria por uma resposta, dentre outros aspectos.
Por fim, para encerrar o segundo encontro, lemos a primeira carta de Rainer Maria Rilke a Kappus, a qual ensejou a proposta de produção textual:
Após a leitura do texto de introdução ao livro Cartas a um jovem poeta, estabelecemos que a escrita de uma carta possui sempre uma motivação e uma finalidade. Releia esse texto, assim como a primeira carta de Rilke ao jovem Kappus, e pense em alguém, vivo ou morto, para quem você gostaria de mandar uma carta. Com que propósito você faria isso? O que diria ou perguntaria? O que fez com que esse destinatário e não outro fosse escolhido por você?
Definida a pessoa para quem você gostaria de escrever e tendo claras a motivação e a finalidade da sua carta, escreva-a.
Leituras deste encontro:
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