Por Solange Arruda
Quando menino, ele batia com a cabeça no chão, entre as pernas, sempre que era contrariado e só parava ao ser satisfeita sua vontade.
Ainda bebê, tinha três chupetas, que eram renovadas a cada mês.
Morava numa casa linda, com piscina e um enorme jardim.
Gostava de pintar.
Cresceu, casou-se, teve um filho, separou-se, casou de novo, separou mais uma vez.
Continuava com a pintura, era a única coisa que sabia fazer.
Um dia, já mais velho, ele calculou, a partir da idade média de vida, setenta anos, que temos aproximadamente 25.250 dias de vida.
Então ele decidiu que os 5.000 dias que provavelmente teria de vida, seriam preenchidos com orgasmos.
Ele queria ter pelo menos 5.000.
Como não tinha namorada, ou esposa, ou amante, começou a pesquisar em bibliotecas, na Internet e nos livros, uma substância que produzisse orgasmos.
Encontrou.
Era uma substância para ser fumada.
Fez a experiência, fumou um cigarro e teve um orgasmo múltiplo, maravilhoso.
Era isso que ele queria fazer daqui para frente.
Fumar e gozar.
No dia seguinte percebeu que tinha perdido um dente.
Fumou, gozou e perdeu outro dente.
E outro e outro, até ficar banguela.
Parou uns meses de fumar, sentiu que a vida ficou chata, então resolveu voltar a fumar.
No dia seguinte começou a perder os cabelos e foi perdendo até ficar careca.
Parou uns anos, mas sentiu que a vida ficou sem graça e voltou a fumar.
Agora ele começou a perder suas coisas; roupas, móveis, tudo o que tinha.
Parou de fumar. Recomeçou.
Perdeu partes do corpo; um rim, meio pulmão, dedos dos pés. Parou.
Recomeçou. A cada cigarro que fumava, perdia um dia de vida.
Um dia a faxineira entrou no quarto para limpá-lo e encontrou um pênis ereto
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Tags: conto, escrevivendo, escrita, fantástico, leitura, oficina
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