Começamos, no último sábado, dia 09 de outubro, mais um módulo do Projeto Escrevivendo na Casa das Rosas, desta vez dedicado ao discurso amoroso. A despeito do feriado prolongado, e do frio que fazia pela manhã, tivemos um encontro lotado, animado pelos relatos, ora inventados, ora emocionados, de histórias de amor.
Este módulo nasceu através da centelha do livro de Cyana Leahy, 106 falas de amor (e seus cenários). Nele, a autora recolheu 106 relatos de grandes amores (e de todos as suas pequenas histórias), dividindo-os nos lugares em que os amores e as histórias aconteceram. Cenários e personagens a postos, o livro de Cyana nos forneceu um importante testemunho sobre o discurso amoroso, que foi assim problematizado, no ideal desta oficina, através do livro de Roland Barthes, Fragmentos de um discurso amoroso.
Mas.
Uma oficina só acontece quando, a partir de seu ideal, de seu conceito, se alcança a prática, sua execução. Para honrar a já tão sólida tradição do Projeto Escrevivendo, o módulo Falas de Amor se propõe um debruçar-se na construção de narrativas que, mais do que tematizem uma fala de amor, possam tensionar os limites entre o confessional e a literatura, a verdade e a ficção, o amor e suas representações, a escrita e seus mitos.
Esta primeira conversa, este primeiro Encontro, se compôs a partir da apresentação dos protagonistas desta história que começamos a tecer. Cada participante teve que relatar uma história de amor – inventada ou verdadeira, pessoal ou alheia, desejada, platônica, amorosa ou literária (...) – em que pudesse, ao mesmo tempo, se apresentar, dizer os seus porquês, as suas procuras, no curso e no curso da vida.
Por meio desses relatos, tantos e tão diversos, pudemos começar a perceber alguns conceitos que iremos explorar na oficina: o papel da palavra para fazer existir uma história; a linguagem enquanto criadora de conceitos; a perda, a espera, a ausência, o ódio como faces do amor... Começamos a pensar nas diferenças entre o discurso amoroso e a história confessional de amor, nas diferenças entre o “diário” e a “narrativa”, entre escrever e se escrever (já que escrever poderia ser “passar do Eu ao Outro”).
Para começarmos estas experimentações, fizemos um sorteio com algumas figuras retiradas do livro de Barthes. Estas figuras são pequenos conceitos que o autor reconhece como comuns em todo o discurso amoroso. Cada participante ganhou, então, um desses conceitos para trabalhar. E deverá escrever uma narrativa (em qualquer gênero) a partir disso.
Estendo a proposta a todos os membros aqui do NING: caso queiram participar virtualmente da oficina, experimentar as propostas e submeter os textos a esta rede de leitores, deixo aqui algumas figura para que possam trabalhar:
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CATÁSTROFE. Crise violenta no curso da qual o sujeito, experimentando a situação amorosa como um impasse definitivo, uma armadilha da qual não poderá jamais sair, se vê fadado a uma destruição total de si mesmo.
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CORPO. Todo pensamento, toda comoção, todo interesse suscitados no sujeito amoroso pelo corpo amado.
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EU-TE-AMO. A figura não remete à declaração de amor, à confissão, mas à proferição repetida do grito de amor.
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LEMBRANÇA. Rememoração feliz e/ou lancinante de um objeto, de um gesto, de uma cena, ligados ao ser amado, e marcada pela intromissão do imperfeito na gramática do discurso amoroso.
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O resultado desta experiência será postado aqui!
Bom trabalho e boa semana!
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um beijo,
f.
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