Roteiro Sentimental
São Paulo – 62 em diante.
Morar na Cristiano Viana, em Pinheiros e estudar no Colégio Alves Cruz, na João Moura.
Rua Teodoro Sampaio ,( como atravessá-la?). Chegar na cidade grande, ser excluída pela pronúncia do R . Uma, no meio da multidão. Desejo de inclusão, desejo de ser vista, de não ser só mais uma.
Colégio de Aplicação da USP – colegial, só para os especiais. Cinema Belas Artes, filmes de arte europeu ou não... Bergman, Fellini, Godard, Buñuel... Abaixo a família castradora, abaixo a burguesia!
Não tem faculdade de Dança. E agora?
Escola de Dança da Maria Duschenes, perto da Igreja da Av. Dr. Arnaldo:
Arte do movimento, expressão, paixão, descoberta.
USP – Arquitetura – Oswald de Andrade, Flávio Império e seus alunos. Artistas. Os índios não foram extintos, nós sobrevivemos, índios que somos.
Danço!
USP, TV Tupi, TV Cultura, Masp, Sescs, Teatro Municipal, Teatro de Arena, Teatro TBC, Teatro Lira Paulistana...Dança nas praças, nas bibliotecas, Dança Coral: perceber-se como indivíduo, no meio da multidão.
Vila Madalena - Cultura japonesa, comida japonesa, pintura, música, roupa, quietude e meditação. Takaoka.
Negritude, Capoeira, Samba, Dança Inclusiva.
Jardim Paulista – reciclagem. Casa das Rosas, Av. Paulista, Augusta, Pamplona.
Onde morou Guilherme de Almeida, num dado momento.
Crítica cinematográfica
Fitzcarraldo
Um filme de Werner Herzog
Fitzcarraldo (1982) é um filme cheio de significados, original, audacioso e belo. Trata-se de uma visão da relação entre natureza e civilização. Das diferenças e semelhanças entre o civilizado e o selvagem.
O cenário, magnífico, acontece na selva amazônica peruana e nos seus rios. O barco que sobe a montanha acima, para alcançar o outro lado do rio, o faz realmente, sem efeitos especiais. Herzog realiza a mesma façanha de Fitzcarraldo. Demonstra uma relação íntima do diretor com a natureza e as questões de humanidade.
O filme acontece na segunda metade do século 19 e contesta a ideia de que a Europa é uma referência de cultura e civilização. É uma crítica ao europeu colonizador, apesar do próprio Herzog ter sido acusado de explorar os nativos, na realização do filme.
Enrico Caruso, o tenor italiano, é um dos personagens principais, ausente na tela, mas presente na obsessão do obstinado irlandês, aventureiro e colonizador.
Fitzcarraldo tem o grandioso projeto de construir um teatro de ópera na selva.
Fitzcarraldo recebe o prêmio de Direção no Festival de Cannes.
Indicação ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.
Indicação ao Melhor filme Estrangeiro no Bafta.
Melhor filme na Academia de Cinema da Alemanha.
O diretor alemão, contestador, autodidata, intuitivo, exigente, não conhece limite para a criação desta façanha. Teve que alterar as locações originais, por causa de conflito de fronteira entre Peru e Equador. As dificuldades foram incontáveis.
Não poupou nem natureza, nem seres humanos. Acredita no suor para realizar obras de arte, e é incluído como um dos grandes diretores de nossa época.
Seus filmes são difíceis de classificar.
O ator Klaus Kinski, carismático, intenso, convence no papel do lunático Fitzcarraldo, que contracena com a bela atriz Claudia Cardinale, no papel de dona de bordel.
A Ficha Técnica conta com nomes de peso, como Popol Vuh, música; Thomas Mauch, fotografia e Ulrich Bergfeld e Henning Von Gierke na Direção de Arte.
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Essa Solange é ótima escritora.
No primeiro texto a cidade de São Paulo é a testemunha, o cenário do desenvolvimento dessa pessoa tão especial. Muito interessante o estilo enxuto e expressivo.
No segundo, achei muito boa a idéia de fazer um paralelo entre o filme e a filmagem, ambos épicos. Vou assistir.
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