A luminosidade do dia apazigua minha alma, minha irritação, meu bufar. Pelo menos o começo daquela demolição me alegrou.Olho de novo para ela... Deus...Não é nada disso!
Faz muito calor. Três horas da tarde, sol a pique e o trânsito não anda: só dez metros de farol em farol. Resolvo desligar o motor a cada sinal vermelho para que o carro não esquente tanto. Também, quem manda ter a malograda idéia de voltar do centro da cidade nesse horário...
Por sorte, de dez em dez metros acabo chegando ao ponto onde as árvores de cada lado da Nove de Julho se encontram, se abraçam, me cobrem com alguma sombra. Por que ainda tenho um carro? Vou vendê-lo o mês que vem, aplico o dinheiro para andar só de taxi quando for absolutamente necessário.
O 4x4 de placa vermelha à minha frente tenta uma manobra para colocar-se no corredor dos ônibus e, quem sabe, assim entrar no túnel com mais facilidade. E não é que ele consegue?
Agora estou atrás de um Ka, pequeno, igualzinho ao meu. Que bom: por falta de volume visual à minha frente, tenho a impressão de poder respirar melhor, consigo até ver o céu. Lá em cima os predios parecem me olhar com paciência, quase com compreensão.
Um deles, o mais baixo, parece diferente: nossa! Será que vão demoli-lo? Até os vidros todos já tiraram! Através do vazio dos janelões vejo o céu azul e olha: tem até algumas nuvenzinhas! Será que mais tarde chove?
A luminosidade do dia apazigua minha alma, minha irritação, meu bufar. Pelo menos o começo daquela demolição me alegrou.Olho de novo para ela... Deus...Não é nada disso!
Nossa, que bonito!
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