Projeto Escrevivendo

Cordiais Saudações 

 

 Querida.

 

 

Ao terminar de ler um romance, resolvi escrever esta carta para você, já que fico semanas, até um mês, sem vê-la.

Eu lhe telefono todos os dias. Mas, hoje, por querer ser romântico, vou mandar-lhe uma carta.

Não imagina como me sinto triste longe de você. No café da manhã, saboreei uma deliciosa broa de milho. É noite, já jantei a comidinha da pensão. Gostosa, mas não igual à feijoada que você faz.

Poderia ir ao cineminha, daqui, que exibe hoje um faroeste, antigo, italiano. Mas não irei. Vou ficar ouvindo a chuva cair. Isso me faz lembrar de como nos conhecemos na rodoviária. Chovia também naquele dia.

Quando chove, desejo estar perto de você, ou melhor, as recordações aumentam.

Não me chame de antiquado nem de maluco, porque vou fazer da escrita um hábito. Além dos telefonemas, receberá cartas. Guarde-as, porque, se um dia for famoso, poderá publicá-las. Sugiro um título: Cartas de quem amou.

Vou começar a ler outro romance. Sei que a história se passa numa região desértica.

 

 

Até breve

 

 

Sebastião Paz

 

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Tags: cartas, escrevivendo, escrita, leitura, oficina

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Comentário de Samia Schiller em 15 maio 2011 às 14:56
Sim, Karen e comecei a me preocupar com meus colegas que além de leitores são ouvintes, por isso, comecei a ler em voz alta meus textos para mim, antes de ler para os escreviventes. Talvez, assim, quem sabe, com algum esforço, ele consiga um efeito melhor.
Comentário de Karen Kipnis em 15 maio 2011 às 14:27
Samia: em nossas oficinas, vozes de outros e nossa própria voz começam a se misturar e se diluir, não é mesmo? Bj, KK
Comentário de Samia Schiller em 15 maio 2011 às 9:12
O Sebastião tem a voz tão marcante que quando leio um texto dele já escuto junto a sua voz. Ficou tão bonita essa carta de amor escrita na solidão de uma cidade distante durante uma viagem à trabalho.

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