Cordiais Saudações
Querida.
Ao terminar de ler um romance, resolvi escrever esta carta para você, já que fico semanas, até um mês, sem vê-la.
Eu lhe telefono todos os dias. Mas, hoje, por querer ser romântico, vou mandar-lhe uma carta.
Não imagina como me sinto triste longe de você. No café da manhã, saboreei uma deliciosa broa de milho. É noite, já jantei a comidinha da pensão. Gostosa, mas não igual à feijoada que você faz.
Poderia ir ao cineminha, daqui, que exibe hoje um faroeste, antigo, italiano. Mas não irei. Vou ficar ouvindo a chuva cair. Isso me faz lembrar de como nos conhecemos na rodoviária. Chovia também naquele dia.
Quando chove, desejo estar perto de você, ou melhor, as recordações aumentam.
Não me chame de antiquado nem de maluco, porque vou fazer da escrita um hábito. Além dos telefonemas, receberá cartas. Guarde-as, porque, se um dia for famoso, poderá publicá-las. Sugiro um título: Cartas de quem amou.
Vou começar a ler outro romance. Sei que a história se passa numa região desértica.
Até breve
Sebastião Paz
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Tags: cartas, escrevivendo, escrita, leitura, oficina
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